A psicologia e os sonhos
Não há como negar a importância dos sonhos na nossa vida. Eles podem ser interpretados de diversas formas: pelo lado do misticismo, como uma espécie de portal para o outro mundo; ou mesmo como um reflexo da nossa realidade, indicando coisas que estão acontecendo conosco mas que ainda não percebemos. Independentemente da sua interpretação, é inegável que os sonhos influenciam bastante a nossa rotina e as escolhas que fazemos durante o dia-a-dia.
Os sonhos sempre despertaram a curiosidade do ser humano, que sempre buscou respostas para esse mistério. Jung afirma que os sonhos são portais para a psique, e é através deles que podemos explorar nossas potencialidades e resolver problemas.
Além disso, os sonhos podem ser uma ferramenta fundamental na prática clínica do Analista Junguiano. Jung acreditava que os sonhos podem trazer insights preciosos sobre a psique do paciente.
Sonhos, um assunto complexo que pode ser dividido em duas partes. Na primeira, falamos sobre o método interpretativo proposto pela Psicanálise e o pressuposto científico neurológico dos sonhos. Na segunda, vamos abordar os aspectos práticos na clínica junguiana.
A Psicanálise considera os sonhos como uma via de acesso ao inconsciente, pois acredita que os sonhos são produzidos a partir de material reprimido,
O Dr. Sigmund Freud é considerado o pioneiro na arte de compreender de maneira sistematizada os sonhos. Ao estudar os sonhos, Freud observou que eles refletiam os desejos e os medos inconscientes dos indivíduos. Segundo Freud, os sonhos permitem que o subconsciente expresse seus pensamentos e emoções de uma forma mais clara do que na vida cotidiana.
Freud acreditava que os sonhos podem nos ajudar a compreender nosso mundo interior.
Segundo Freud, os sonhos representavam desejos reprimidos pelo indivíduo, que permaneciam no inconsciente. Assim, o sonho era a forma pela qual o inconsciente se manifestava. Para Freud, os sonhos eram importantes para o processo de compreensão da psique humana.
Em outras palavras, psicanalistas acreditam que tudo o que é sonhado, em algum momento esteve na consciência do indivíduo. Isto é, os sonhos são a representação de pensamentos e emoções que surgiram na mente durante o dia. Muitas vezes, esses conteúdos aparecem de forma metaforizada nos sonhos.
Por exemplo, uma pessoa que está se sentindo frustrada com seu trabalho pode sonhar com um cachorro.
A partir do momento em que se aceita a hipótese de que os sonhos têm um significado, passa-se a buscar essa interpretação. Freud, ao desenvolver a psicanálise, propôs uma visão sistematizada do sonho, na qual o inconsciente estaria em comunicação com a consciência. Os sonhos, assim, seriam um meio de o inconsciente mandar mensagens à consciência.
Quando escutava os relatos de sonhos de seus pacientes, Freud os interpretava, isto é, analisava criticamente qual era a metáfora encenada na mente durante o sono. Neste caso, interpretar, envolve a subjetividade do interpretador, mas guiada por uma relativa sistematização proposta pelo método psicanalítico.
Freud acreditava que os sonhos eram uma forma de escape da realidade, onde a mente encenava dramas e cenas de forma simbólica.
Freud sempre teve um viés pela energia sexual, portanto, suas interpretações sempre envolviam essa temática: realização, pulsão, sexualidade e outros. Ele acreditava que a energia sexual era o motor da vida, o que impulsionava o ser humano a buscar o prazer e a realização.
Para Freud, a sexualidade era uma força vital e um elemento essencial da natureza humana. Ele via a sexualidade como algo capaz de produzir mudanças.
Não é coincidência que a Psicanálise e a Psicologia Analítica tenham surgido no final do século 19 e início do século 20. Nesse período, o mundo estava em um momento de transição, meio Idade-Média, meio industrialização. As tecnologias que permitem hoje ver a atividade cerebral em detalhes ainda estavam por vir, e por isso essas áreas da psicologia eram predominantemente baseadas em observações.
A Psicologia Analítica busca compreender o homem de uma forma mais ampla, enxergando-o de maneira multidimensional, incluindo sua natureza espiritual, arcaica e social. Dessa forma, ela não o reduz a um amontoado de células que se uniram de forma aleatória e criaram a vida.
Apesar de ser uma ciência recente, a Psicologia Analítica vem ganhando cada vez mais espaço.
Apesar de ser uma constatação imprecisa, o fato de que o Homo Sapiens tem cerca de 150.000 anos de existência, ao passo que o mapeamento do cérebro por imagens tem menos de 100 anos, nos faz refletir sobre a forma como conhecemos o nosso próprio corpo.
Embora a ciência sensorial seja capaz de nos fornecer uma visão bastante detalhada do mundo exterior, ela é incapaz de nos dar uma visão clara.
Apesar de termos diversas linguagens, a nossa história, DNA e arquétipos nos acompanham a 150.000 anos. Isso significa que, mesmo que utilizemos um idioma diferente para nos comunicar, somos sempre o mesmo povo, com os mesmos traços culturais.
Por isso, é importante que mantenhamos as nossas tradições e costumes, mesmo que vivamos em outros países. Assim, podemos manter a nossa identidade e nos sentirmos sempre organizados.
Sonhar é um ato de comunicação da psique, mas uma comunicação primitiva, espontânea, sem máscaras, sem padrões ortográficos ou gramaticais. A psique se comunica através dos sonhos com a mesma naturalidade com que se comunica durante o dia. Sonhar é a linguagem da alma.
Independentemente da língua que falamos, sonhamos. Mesmo os povos que não têm uma escrita, sonham.